Multiculturalismo: o racional simbólico e as cinco cores

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Resumo: Procurar-se-á desenvolver nesta escrita, a compreensão do momento social mundial, no viés multicultural. Conceituando este ora objeto de estudo e refletindo sobre suas causas e sua teleologia. Problematiza-se o ser racional que vindo de encontro a esta concepção racionalizável, que no início deste século se apresenta confusa. Em fins, tem-se a apresentação da construção prática feita pelo autor, com o intuito de aguçar e facilitar a reflexão sobre o diálogo cultural.

Palavras-chave: Mutliculturalismo. Simbólico. Racionalidade. Diálogo cultural.

Abstract: Search will be developed at this writing, the understanding of global social moment, in multi-cultural bias. Conceptualizing this moment the object of study and reflection on its causes and its teleology. Author questions the rational being that come against this conception rationalizable, who earlier this century appears confused. At the end, it has been the presentation of practical construction by the author, in order to sharpen and facilitate reflection on cultural dialogue.

Key-words: Mutliculturalismo. Symbolic. Rationality. Cultural dialogue.

Resumen: Encontrar desarrollará en esta escritura, la comprensión del momento social global, en un sesgo multicultural. La conceptualización de este momento el objeto de estudio y reflexión sobre sus causas y su teleología. autor reflexiona acerca del ser racional que vienen en contra de esta concepción racionalizable, quien a principios de este siglo aparece confuso. Al final, ha sido la presentación de la construcción de prácticas por el autor, con el fin de afinar y facilitar la reflexión sobre el diálogo cultural.

Palabras claves: Mutliculturalismo. Simbólico. Racionalidad. El diálogo cultural.

 

Introdução

O que gostariam de saber nos prolegomênos deste artigo os futuros leitores. Saber que é o multicultural, quando abandona sua compreensão atual, podendo ser estendido a toda existência humana (passado histórico), pois este moderno ou pós-moderno Ser é um mestiço do mundo, mas preferir-se-á o nomem multicultural. Mesmo porque P. Bourdieu já afirmava que “existir e destinguir-se”.

Sendo nestes moldes e de um modo bem problemtizador de conceitos e preceitos que tragamos, que introspectamos pelo processo de (des)construção cultural, para a estruturação do momento multiculural que passa-se a viver e compreender.

O simbólico Ser dotado de razão, não desta razão que o faz cada vez mais pensar como é ser humano, para logo tentar manter está característica. A razão humana como fuga do desumano, pois os animais são estranhos a este conceito, já a humanidade não?

Por que cinco cores, e não seis ? Não estar-se-á tratando tal numeração para com a mesma quantidade de continentes no mundo, muito menos com os cindo dedos da mão. Mas tentou-se moldar uma forma ou um modelo de compreensão do multicultural, possibilitando que este possa ser materializado, objetivando assim, otimizar o aprendizado nos laboratórios universitários. Trazendo a tona o diálogo dos saberes multi e boas “pinceladas” de cognição.

 

Multiculturalismo

Afinal, os problemas somente são reconhecidos como tais quando nos damos conta da sua existência?

Iniciar com perguntas pode ser interessante, pois perguntará aquele que já possui um início de conteúdo apreendido e um princípio de dúvida. E a indagação maior é sobre o multicultural, suas origens, seus autores, que momentos foi a humanidade multicultural sem saber, ou sem pensar ser, este nome dado as novas, ou velhas, relações humanas vistas no viés da cultura multi.

O que se vê na questão multicultural micro é a ruptura da identidade imaginária, onde cada Ser poderá ter sua construção de identificação rompida, estas rupturas terão gerado o diálogo, podendo vir este a efetivar-se, ou como leciona Barreto (2003, p. 474), sendo diferentes, não poderão compartilhar com os seus semelhantes os mesmos valores morais. Essa situação de conflito e negação do outro como humano não pode ser uma constante nas relações sociais, pois acabariam dissolvendo os próprios laços sociais”.

Portanto, teria ora o autor citado tem uma perspectiva negativa da concepção multi da cultura, privilegiando, ou melhor, alertando, que negar a construção do outro, dissolvendo os laços formadores daquele social, visto que cada local, cada “sítio”, ou comunidade é chave nesta estruturação – com base em suas origens – no agir micro de seu ambiente, que sofre também influencias macro (globais).

Podendo certamente conduzir-se-á ao nascimento de conflitos, o que colocaria o reconhecimento das diferenças, logo estas, sendo tomadas como bandeira de ruptura dos laços sociais, e tendo como conseqüência o nascimento de conflitos, culturais, identidade, nacionalistas e ou anomias.

Do contrário, o que de mais esperançoso e humano se pode querer para está atual situação mundial se não a capacidade de leitura social cultural, pois é através desta, que tem a possibilidade de compreensão do multicultural. Nos escritos de Lucas (2005, p. 34) “em uma sociedade que se complexifica, que reconstitui suas modalidades de produção de identidade e de pertença e que promove um permanente encontro entre culturas diversas, inevitável que se estabeleça um dialético enfrentamento entre um projeto universal de direitos humanos e as múltiplas realidades culturais”.

Elencado foi pelo Brasil os Direitos Humanos como materialização de seu querer, como objeto de sua intervenção cultural, sendo o país um misto de variadas culturas o que pode privilegiar ou não um projeto de universalização dos direitos humanos.

O diálogo intercultural, o debate, poderiam estar pecando por basear suas intervenções na mundialização, em conseqüências, visto que tem-se a dignidade humana e os direitos humanos, não como construções mas como procuras ou buscas, sempre jogadas ao longe, no futuro ainda incerto, ou jogadas ao longe como previsões.

Cada “sítio cultural”, cada comunidade, ou país, terá e desenvolverá de sua maneira, tendo por base a valorização de sua diversidade cultura, a maneira esta, influenciada por seu status local seu habitus.

Sabe-se que segundo Lucas (2003, p.56) “[…] todas as culturas possuem concepções e dignidade humanas, mas nem todas elas, a concebem em termos de direitos humanos. Por isso é importante identificar preocupações isomórficas entre diferentes culturas”.

Mas a quem foi perguntado, ou aonde se deu a escolha dos direitos humanos ou da dignidade humana, como topói da sociedade brasileira, em uma perspectiva de aceitação dos valores universais em matéria multicultural.

– Na estruturação cultural deste país, ou em uma visão universal e nas palavras de Parekh, “A natureza humana não é um dado constatável impiricamente, mas uma inferência, não é um fato, mas uma teoria”.

O multicultural e a escolha pelos direitos humanos, ou pela dignidade humana ou ainda pela pessoa humana, como guião da construção de uma pretensa sociedade global, são de escolha de uma minoria intelectualmente teorizada, privilegiando idéias econômicas mais de consumo.

Deste modo, o diálogo intercultural, ganha nova nomenclatura passando a efetivar-se como diálogo dos saberes ou da privatização do diálogo dos que sabem, em prejuízo daqueles que apenas tardiamente recepcionam os ditames já intelectualizados.

Infere-se ainda, que o colacionar de pressupostos humanos para próprio ser humano, ou é uma invasão/inversão/confusão na ou da modernidade neste sentido, seja ele “humano” como substantivo, ou humano com adjetivo, ou humano como pronome, humano como verbo, humano como sinônimo, como antônimo, como homônimo, ou ainda humano como sujeito, agente deste multiculturalismo. São exemplos de uma precariedade, de uma ruptura. Por escolhas e ações feitas na modernidade, e que vem afetar, mais por vontade de potência, nega-se esta formação pretérita, para a construção de novas leituras das estruturas sociais, vistas na seara mundial.

Poder-se-á excluir o autor anteriormente citado de uma concepção antropocêntrica alargada, mais caberia a ele sua integral inclusão a uma boa e velha visão antropocêntrica clássica. Tendo o homem como o centro, desde então assumido este local, vê-se também que assumirá todas as responsabilidades, portanto deixa-se deste modo de glorificar os direitos, e parte-se para a visão dos deveres humanos.

É nesta seara que reluta-se em definir o papel do Ser humano como centralizador deste poder, responsável por sua integral administração. No entanto sendo ator social do dever humano intrínseco a um novo paradigma cultural.

Ou ainda, rever o que Lucas (2005, p. 51), por isso “a gestão da paz, da democracia, do político e da economia, em uma sociedade com tais características, requer a compreensão da própria realidade multicultural, de seus limites, de seus vícios e de suas potencialidades”.

Noutros termos, estamos sofrendo com o peso deste dever e também pela escolha de uma forma de construção social, seja ela ocidental ou acidental, que tenta de todas as formas, ou modos, invadindo todos os conceitos, onde de um lado introduz, de outro impõe a necessidade do debate e da construção intelectual voltadas para o humano?

Há humanidade é carente do próprio sentido humano, não se efetivará paz no exterior se ela não existe no interior humano e percebe-se que esta construção foi esquecida ou abandonada.

Estar-se-á na brecha, na transição, entre os fins da modernidade ou em sua crista de radicalização, pois sofre-se pelas escolhas lá feitas, de um lado, e de outro com o pensar e a construção intelectual num pós-moderno que se iniciou, se inicia ou se iniciará, visto que divergem os entendimentos e as ciências em delimitar ou pontuar este momento nas novas concepções de espaço/tempo de início da próxima roupagem social-ideológica-cultural deste século que se inicia.

Ser frutos de promessas sendo estas a base para o retorno ao diálogo, o retorno ao debate, mesmo que aquelas não efetivem-se, os diálogos devem ocorrer .

Nada está mais distante do multicultural do que a fragmentação do mundo em espaços culturais nacionais ou regionais de identidades ou raças, estranhos uns aos outros, obsediados por um ideal de homogeneidade e de pureza que os sufoca.

Deste modo escreve Boaventura (2004, p. 266) “que possibilidades existem para um diálogo intercultural quando uma das culturas em presença foi moldada por massivas e continuadas agressões à dignidade humana perpetradas em nome de outra cultura”.

Substituir a unidade de determinada cultura pela unidade dum poder comunitário, as instituições por um comando, uma tradição por um livrinho desta ou daquela cor, imperativamente ensinado e citado a cada instante é um trajeto perigoso, e conflituoso que será trilhado na seara social. Mesmo porque os olhares da sociologia estão densamente intrínsecos a estas novas concepções culturais.

O que é o livro o saber, foram as armas, num passado com exércitos montados, evolvidos por armaduras e lanças, somadas a milhares de espadas, utilizadas pelos impérios na conquista de novos territórios, ou reinos. O que é isto hoje? O que seriam, em uma leitura atualizada destes fatos, quais os objetos de poderio que os impérios hoje utilizam-se para a conquista de seus reinos ou a imposição de suas culturas?

Os direitos humanos, ou melhor, o humano é a bandeira de levante desta nova construção social multicultural que se organiza, mas só se organizará o que está sendo escrito como desorganizado.

Afirmar a existência de conjuntos culturais fortemente constituídos, cuja identidade, especificidade e lógica interna devem ser reconhecidas, mas que são inteiramente estranhas entre si, ao mesmo tempo, são diferentes umas das outras por seus valores, seus guiões sociais e culturais.

Tem-se muitas respostas, algumas concepções elaboradas no viés global, outras, no viés nacional (regional), e muitas desenvolvidas respeitando-se a construção local ou racial. Visto que, todas as respostas servem, visto também que nenhuma delas, feliz é, pois não há uma objetiva resposta, onde todos os teóricos agregam consenso.

Já Bauman (1999, p. 9) demonstra que “o principal sintoma de desordem é o agudo desconforto que sentimos quando somos incapazes de ler adequadamente a situação e optar entre ações alternativas”.

Somando-se a ele tem-se estudiosos do mundo que pensam, teorizam e escrevem o sintoma social, o estudo social. Portanto, se há a necessidade de pensar o social, no seu viés cultural, portanto multicultural, é porque esta enorme gama de seres que agem, fazem e sofrem-no, não o fazem ou não o agem pelo pensar. Ou pelo simples ato de não questionar, de não romper mas pelo simples ato de reproduzir relações e não razões.

 

Há razão?

Focar-se-á o fim do parágrafo anterior, pois dar-se-á o agir muito e simplesmente pelo ato de agir?, do contrário de nada serviria a grande afirmação de Edgar Morin, em ministrar o século XXI, como sendo seu adjetivo o Pensar.

O racional é o que diferencia do irracional, mas abandonando-se esta carga de razão, e buscando novas compreensões para este Ser, tem-se que aceitar, pois esta é o que mais se aproxima da verdade, a que coloca o homem em um novo lugar, no lugar do Ser relacional ou melhor o Ser racionalizável. E não mais visto no campo já incluso do racional tão discutido na sociologia clássica.

Aqui tem-se a razão como axiologia, teleologia, que será alcançada, se bem procurada. Em outras palavras, buscar-se-á a construção do racional, buscar-se-á a concretização desta razão humana, em ações com objetivos específicos e determinados.

O simbólico racional, é idéia que contrapõe o sentido do ser em sociedade. Sendo a construção do ser mais relacional. Demonstrando que este ser que habita o globo nada mais é do que o fruto de suas relações com os outros co-habitantes, lá no seu sítio, do que por sua real e efetiva construção racional do social/cultural.

A humanidade é fruto de relações, e não de razões, ou fruto de relações onde as razões foram tão infimamente difundidas, ou tão dificilmente entendidas que nada influenciaram no agir desta construção chamada mundo.

Tem-se séculos de evolução e estruturação cultural díspares, cada um com sua religião, sua língua, sua voz, seu tempo, seu modo único de ser no mundo. E o mesmo tempo que fora despendido para esta construção do cultural, ou desta identidade imaginária, será utilizado para a desconstrução/construção da nova visão multicultural da pós-modernidade.

O que foi construído será em muitos momentos, como ver o mundo hoje, senão demolido pelas conseqüências da aculturação, a construção do ser, a identificação ou a estruturação da identidade, do indivíduo, passando pelo recalque, e o aglomerado desta nova/velha noção de identidade.

Como aduz que

os produtos de revolução digital, com seu potencial para transmitir informações desde uma multiplicidade de centros de tempo real, fazem com que qualquer individuo que tenha à mão o controle remoto de um televisor ou o mouse de um computador possa transitar por um mundo de costumes, valores, mentalidades, crenças, gostos, comidas, canções, narrações ou modas das regiões mais distantes do mundo. Em virtude dessa exposição constante a novos símbolos, se estabelecem novos vínculos identificatórios, os perfis culturais mudam, mudando seus referentes tradicionais, costumes e visões originárias, para ir se organizando em função de códigos simbólicos que provêm de repertórios culturais muito diversos, que têm sua origem nos diferentes formatos eletrônicos. Desse modo, as identidades tendem a diluir-se e surgem novas formas de identificação, poliglotas, multiétnicas, migrantes, com elementos de diversas culturas. (MONTIEL, 2003, p. 19-20).

E se tomássemos esta identidade – baseada nestes códigos simbólicos – como reproduzida sem sentido, sem o pensar momentâneo, apenas por razão de ser, e não pensar apenas a constante, efetiva e real repetição de práticas sociais instaladas, ou guiadas pelo interesse das instituições, pois mantermo-nos é também mantê-las.

Que o principal ingrediente da formação/invenção de uma cultura, tendo possibilidades de refletir àquelas onde muitas não serão democraticamente respeitadas, o mundo foi construído mais e muitos mais pela desvalorização das culturas do que pela sua valorização. Prova disto, são as tão e historicamente publicizadas guerras culturais, mas que guerras culturais são estas que lutavam por território, por ouro, por especiarias, por escravos, as bandeiras levantadas eram culturais e religiosas, mas os interesses eram o poder e as riquezas.

No entanto

[…] cito um homem de teatro, porque o teatro é o lugar por excelência onde o sujeito se deixa ver, da mesma maneira que o romance foi a forma natural de apresentação de personagens cuja individualidade inseria-se numa situação histórica definida social e politicamente. No palco, o ator está tão descomprometido. O que nos leva a ver um bom filme é que ele combina as duas situações quando apresenta personagens de teatro tão afastados de sues papeis sociais com são os personagens de faroeste, em situações romanescas. Mas a comunicação intercultural não se reduz a relações interpessoais ou à comunicação teatral em que diz ainda Peter Book – “temos a possibilidade de criar com os espectadores uma pequena série de modelos do que poderiam ser as relações humanas livres de todo o medo”. Ela leva a construir formas gerais de vida social e cultural (TOURAINE, 1998, p. 203-204).

O passado não fora assim, posto que também não fora lido assim. Os atores ainda estão no palco, as cortinas são agora de viscose, as falas pouco pomposas, mas o espetacular drama da sociedade dita racional – dotada de razão é achar que toda esta construção pode ser lida por belos teóricos que de maneira estão em suas bibliotecas, distantes de tudo, distantes de todos, distante do empírico, dialogando com outros que também lá estão, justificando o diálogo dos saberes, o diálogo dos que sabem, em contraponto ao diálogo dos que agem sem saber, ou são agidos.

E continuará, até que a democracia, mas a democracia que ainda não existiu vá procurar no demo a verdadeira cracia que é o reflexo da vontade do valor na reapropriação do humano pelo Ser, somos carentes de razão, a crise é também de razão. Ser carente do humano, pois somos diuturnamente rodeados, por um passado desumano, nosso presente é desumano, nosso futuro é o colapso do humano.

O que resta é ética! responsabilidade para com o humano, reconhecer e aceitar e assim procurar o verdadeiro caminho do racionalizável, e do humanizável que somos e a muito tempo busca-se.

 

Cinco cores…

Como desenvolver uma forma simples e compreensível de apreender o multiculturalismo. Captar o diálogo intercultural, pensar as múltiplas inter-relações entre pessoas e sociedade. Digna-se, de problematizar a crise de valores da sociedade, onde muitos foram esquecidos, mas lembrados, outros nem mais lembrados e ou reformulados.

Valores de democracia, de humano, de ética, que esta-se dia após dia tentando entende-lo. Sidekum (2003, p. 236) leciona muito claramente estas relações, teorizando o multiculturalismo como “o grande desafio para o exercício da democracia a nível internacional, nacional e regional, bem como as instituições sociais, com as de trabalho e de educação”.

Valores Éticos, ó ética !, que nada mais é do que o reflexo do homem e o seu agir.

Sendo assim, só poderia estar-se-á refletindo os direitos humanos e a dignidade humana no século XXI, pois ser antecedidos de uma gama enorme de ações e omissões desumanas, contrárias a ordem, contrárias a democracia, inversas a ética, faz restar neste século um querer distanciado do passado, uma retificação dos valores, e a construção do tão esperado respeito pelas diferenças.

Se não respeita ao menos tolera!

Como? Aonde? Quem? O que? Para que? ou Para quem? É o multiculturalismo.

Aonde ocorrerá o multicultural, variado número de teóricos acreditam ser num lugar virtual, imaginário chamado ciberespaço (inicialmente), outros tantos retificam e deslumbram-se por ele já estar ocorrendo, pois o diálogo intercultural possui uma idade muito próxima à idade do homem na terra, outros preferem uma teoria mista ou meso.

Como uma boa compreensão passa de um plano metafísico, para um campo teórico, e deste para um campo materializado, estar-se-á propondo a compreensão do multiculturalismo em uma seara prática, ou melhor, lúdica.

Fato este que de um lado facilita-se o seu refletir, mas que de outro cria barreiras, as quais no campo metafísico não existiriam, mas que surgem e se assemelham ao campo empírico.

Poder-se-ia pegar cinco cores diferentes (de tinta), independente da cor, mas sim cores diferentes, refletindo-se assim cinco culturais.

Em um primeiro momento saber-se-á que cada uma delas possui uma estrutura química dispare da outra, por mais que boa parte dos elementos que as compõe sejam comuns, como a cultura.

Estas cores possuem seus históricos, pois nem todas foram, acredita-se terem sido criadas em mesmas épocas históricas, por criadores dos mais variados tipos, logo para uma grande variedade de funções.

Sabe-se também que tais cores, com o tempo e a utilização, ou melhor, com a similitude e aproximação, ganharam significados. Sim, cada cor com o passar dos tempos, idos e vindos, pretéritos e futuros, passaram a significar sentimentos, emoções, sentidos, desejos, amores e odores, assim como as culturas. Como o vermelho possui a identidade de perigo, o verde de siga em frente etc…

E por mais ilusória que seja tem acreditado que surgissem de um mesmo local, mesmo criador, e com as mesmas funções acabaram elas cada vez mais se distanciando,. Não que era do seu querer, mas por força daqueles que tem certo poder de influenciar e materializar suas identidades (cores). Aquele que definiu as cores e seus significados, é o mesmo que criou o ser e a cultura, deste modo a cultura é o significado do Ser na humanidade. Assim, nasce a cor e depois seu significado social, ou sua identidade.

Acabou-se por criar identidade para cada cor, identidades tão fortes que na ausência de outras formas de comunicação a cor se tornou um dos principais instrumentos de guião desta sociedade. Logo, nossas bandeiras tem cores, e as deles também.

Nós paramos, em cores, andamos em outras, saímos em outras, algumas querem nossa atenção outras querem o nosso desprezo.

Poder-se-ia ficar tempos aqui a desenvolver todas as características de cada uma delas, mas não é o objetivo como introdução ao tema e metáfora, ela servirá com excelência.

Tenha-se a mão cinco cores, coloque-as em qualquer lugar onde se possa ter espaço de aproximação e distanciamento destas cores, pois elas representarão cinco culturas, simplesmente cinco. Que irão dialogar ou misturar-se.

Não as coloque muito próximas, havendo um certo respeito pelo espaço de cada uma (espaço de respeito da identidade), onde a quantidade deve ser democraticamente pensada e refletida. Sem mais delongas consiga uma objeto, um pincel, pois cores lembram um pincel, e este pincel será a materialização do que fora eleito como sendo o instrumento de intervenção (é o valor comum, é o mínimo moral ético, é a dignidade humana) nestas cores, ou melhor nestas agora lidas, culturas.

Tem-se cada cultura na mesa, tem-se um instrumento e qual a cor será a primeira a ser tocada e muito desta cor, digo cultura, ira envolver-se neste instrumento ao ponto da segunda cor ficar envolta da primeira e assim sucessivamente.

Nem todas terão acesso ao contato primário a este instrumento, sabendo-se que só e somente ocorrerá se ambas as cores chegarem a um consenso onde parte de cada uma delas será envolvida pela outra, onde desta aproximação ou diálogo, nascera uma terceira cor, carregando consigo características da primeira e da segunda. Mas muito cuidado este caminho é da homogeneização, e isto é o que não se pretende.

Uma terceira cultura ou uma terceira cor, que será um misto de duas, mas duas que de inicio tinham o valor de respeito as diferenças.

Dando-se continuidade a esta lógica, as demais cores, dependendo é claro, de como este instrumento irá dialogar com elas, criará tantas novas cores, mas por outro lado desrespeitará a característica individual de cada uma em prol a aproximação mais resistente.

Multicultural é o encontro de culturas, como fora descrito, mas o quanto será difícil, ou o quanto tem de genialidade e capacidade de criar esta aproximação de culturas, sendo tal aproximação construtiva e democrática. Portanto voltada à valorização destas diferenças, sem as conseqüências do etnocentrismo, onde uma cor influenciará tanto a estrutura da outra, que esta será suprimida.

A aproximação das cores é metaforicamente a aproximação das culturas, o diálogo das culturas, onde o branco nunca foi muito próximo do preto, mesmo que em muitos momentos históricos elas tiveram que conviver juntas, mas porem separadas.

Compreender, logo para entender, a não aproximação e o respeito do amarelo, para com o vermelho. Culturas que podem sim dialogar, buscando um instrumento que seja tido como o seu mínimo moral ético, que ambas respeitem, que ambas tenham identidades e ambas possuam identificação, somos iguais na diferença.

Está posto o desafio, este foi o modelo de materialização que fora disposto a pensar e a criar, como prática lúdica do multiculturalismo, com o intuito de trazer para as mãos daquele que construirá e estará em meio há muitas cores, muitas culturas, muitas idéias de mundo e de diálogo à reflexão.

A principal preocupação, como sendo o ponto que mais dar-se-á atenção, não é a reconstrução de outro mundo, mas construir “o outro” deste mundo.

Assim descreve

Reconheço também que, desgraçadamente, os profetas da desventura, na maioria dos casos não foram ouvidos, e os eventos por eles anunciados se realizaram, enquanto os profetas dos tempos felizes foram logo ouvidos, mas os eventos que anunciaram não se verificaram. Por que não poderia ocorrer um momento propício no qual o profeta da desventura esteja errado e o que prevê tempos felizes tenha razão? (BOBBIO, 1992, p. 104).

Sabe-se muito bem, que o homem não é tão livre, nem quanto pensa e muito menos do que deseja ser, pois sua percepção e sua forma de razão estão em desenvolvimento, pois confunde-se liberdade, confunde-se amor, felicidade, cultura.

Nietzsche tem respaldo, em alertar sobre a crise da razão, o que cada vez nos faz crer no simbólico da racionalidade e no simbólico do humano, pois símbolos apenas identificam, separam, diferenciam, criam, oprimem o Ser, pois racionais são os homens, os animais não o são.

 

Considerações finais

O multicultural será ele só e unicamente visto para o futuro, ou já o homem o está realizando há tempos? A humanidade é fruto de relações multiculturais, independentemente do tempo com que elas se dão ou do espaço onde elas ocorrem, é sim um somatório de variadas culturas, variantes influências de todos os cantos deste mundo.

Não há o que relacionar multicultural com futuro, mas sim lê-lo desde o passado. O Ser multicultural existe, do mesmo modo que a fotossíntese feita pelas plantas já existia há milhões de anos atrás desde o momento de sua descoberta e desde lá vem sendo realizada.

Do mesmo modo o multicultural, ele foi visto, foi lido pelas “boas cabeças”, da modernidade, ou da pós-modernidade, mas o diálogo cultural desenvolve-se há milhares de anos, ele não é novo, mesmo que hão de ter instrumentos capazes de otimiza-los, ou por que tais nomenclaturas não foram similarmente definidas ou entendidas.

O diálogo entre as culturas vem desenvolvendo-se em momentos da micro história, muito pouco contada, mas em outras refletindo o desenvolvimento cultural e civilizacional ora em compreensão.

Mesmo que inconscientes disto, multiculturais fomos, e deste mundo sabe-se que a natureza (artificial) humana é o diálogo cultura/intercultural/cultural, deste modo a cultura torna-se uma forma cíclica e constantemente evolutiva de conhecimento/reconhecimento/agregação/identificação/reprodução.

Pensa-se em uma criança que ao completar 5 anos, terá que deixar o longo convívio para com os arredores de sua casa, seu pátio, seus brinquedos, suas vontades, seu eu, que ali formou-se, e terá em dia próximo ir à escola, manter relações, dialogar, brigar, discutir, impor os limites de seu espaço, defender sua vontade e mesclar-se aos outros, e este é o novo meio.

Mesclar-se a continua pressão e condicionamento social/mundial configurando-se no Ser, pois hoje, não precisaríamos pensar, refletir, teorizar o humano, e o racional, se fosse repleto em nossa história cultural dos frutos e das respostas foram cultivadas no passado mas que se somados aos frutos do futuro, são os receosos cultivos do presente.

 

Referências

BARRETO, Vivente de Paulo. Direitos humanos e sociedade multicultural. In. Anuário do Programa de Pós-Graduação em Direito – Mestrado e Doutorado da Unisinos. São Leopoldo: Unisinos, 2003.

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade e ambivalência. Trad. Marcus Penchel. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.,1999.

BOAVENTURA, de Sousa Santos. Por uma concepção multicultural dos direitos humanos. In. Baldi, César Augusto. Direitos humanos na sociedade de consumo. Rio de Janeiro: Renovar, 2004.

BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992. p. 1-111.

LUCAS, Doglas César. Os direitos humanos como mínimo ético para o diálogo intercultural. Direito em Debate. Ijuí/RS. Ano XIII, nº 24, jul/dez, 2005. p. 33-62.

MONTIEL, Edgar. A nova ordem simbólica: a diersidade cultural na era da globalização p. 15-58. IN. SIDEKUM, Antônio (org.). Alteridade e multiculturalismo. Ijuí/RS : Ed. Unijui, 2003.

SIDEKUM, Antônio (org.). Alteridade e multiculturalismo. Ijuí/RS : Ed. Unijui, 2003.

TOURAINE, Alain. Poderemos viver juntos? iguais e diferentes. Trad. Jaime Classem e Ephraim F. Alves. Petrópolis/RJ: Vozes, 1998.

Paulo Jose Libardoni

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