Interacionismo Simbólico e a Fenomenologia Social: um ensaio teórico

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Resumo

O presente trabalho é caracterizado como ensaio teórico tendo como premissa o diálogo sobre as aproximações de duas correntes teóricas que marcam o pensamento das Ciências Sociais do cenário contemporâneo, a Fenomenologia Social e o Interacionismo Simbólico. O fio condutor desta análise acontece a partir da leitura dos autores, Georg Hebert Mead e Alfred Schutz.

 

Introdução

As Ciências Sociais têm sido foco de diferentes estudos e discussões acirradas sobre a carência da validade científica, bem como autonomia da sua produção, conduzindo à dúvida constante de sua objetividade. Como aborda Martins (1998, p. 2) “as grandes certezas terminaram. É que com elas entraram em crise as grandes estruturas da riqueza e do poder (e também os grandes esquemas teóricos). Daí decorrem os desafios deste nosso tempo”.

Esse cenário de constantes indagações sobre a cientificidade deste campo de estudo – que o detalhe, o especifique – é um dos focos da atenção das Ciências Sociais contemporânea. A volta de um olhar minucioso à luz da fenomenologia é para alguns cientistas sociais fato emergencial, uma vez que oportuniza um campo de investigações de cunho teórico que tem como foco “os desafios da vida e os desafios da ciência, da renovação do pensamento sociológico” (MARTINS,1998, p. 2), renova a crítica ao paradigma positivista, retirando a certeza científica do centro da discussão. Esse contexto coloca o homem imerso na vida cotidiana identificando o espaço das vontades subjetivas, das particularidades do singular. Ressalta Martins (1998, p. 2)

Se a vida de todo o dia se tornou o refúgio dos céticos, tornou-se igualmente o ponto de referência das novas esperanças da sociedade. O novo herói da vida é o homem comum imerso no cotidiano. É que no pequeno mundo de todos os dias está também o tempo e o lugar da eficácia das vontades individuais, daquilo que faz a força da sociedade civil, dos movimentos sociais. Nesse âmbito é que se propõe a questão do conhecimento de senso comum na vida cotidiana. Questão porque, na perspectiva erudita, o senso comum é desqualificado porque banal destituído de verdade, fonte de equívocos e distorções.2

È a partir desse contexto que este trabalho tem como pretensão refletir sobre as aproximações de duas correntes teóricas que marcam o pensamento das Ciências Sociais do cenário contemporâneo, a Fenomenologia Social e o Interacionismo Simbólico. O fio condutor dessa análise será a partir da leitura dos autores, Georg Hebert Mead e Alfred Schutz. Para ilustrar essa discussão é necessário dividi-lo em dois momentos: o primeiro visa à leitura da fenomenologia social, a partir de Alfred Schutz, que procura anunciar a importância da vida cotidiana, enfatizando a ação e o ator nas suas mais complicadas inter-relações. Nesse sentido, discorre-se sobre a importância de uma análise profunda sobre os caminhos desse ator e suas diferentes influências, indagando e arquitetando uma minuciosa investigação sobre a situação em que este está inserido. No segundo momento, tem por objetivo apresentar o Interacionismo Simbólico, sendo o ponto de partida a leitura de Georg Hebert Mead, como um dos autores que fundamenta a observação de que o indivíduo origina-se a partir do social.

A preferência deste tema justifica-se pela observação sobre as manifestações sociais que constantemente têm investido na vida cotidiana como um poderoso instrumento que visa a instigar ou concretizar diferentes relações sociais. Por conseguinte, inquietações que questionam a utilização e as influências sociais, refletindo tanto no plano macro quanto no microestrutural, focado nas relações cotidianas.

 

A Fenomenologia Social a partir de Alfred Schutz

A prioridade de Schutz é investigar as experiências da ação e interpretação da vida cotidiana, descortinar o senso comum utilizando-o na construção do pensamento científico das Ciências Sociais. Compreendendo, dessa forma, que a consciência individual é construída a partir das experiências da vida cotidiana, sendo significativa e abstrata. Desse modo, afastando-se de dualismos teórico- metodológicos e enfatizando os processos intersubjetivos. É evidente a aproximação com Max Weber, porque entende a sociologia como a compreensão da ação social, e com Edmund Husserl que pretende utilizar os preceitos da fenomenologia na sociologia, articulando uma fenomenologia social.

Propondo, dessa forma, estudos sobre os processos de interpretação que são utilizados na vida cotidiana, sendo a linguagem cotidiana uma fonte de pesquisa relevante, traçando tipos e características pré-constituídas, formando um campo inexplorado. Nesse sentido, são as questões e inquietações norteadoras de sua tese, desenhando um cenário de fontes ricas, pois, para o autor, é necessário que a vida cotidiana seja descoberta, a saber,

desde o principio, nós, os atores no cenário social, vivemos o mundo como um mundo ao mesmo tempo de cultura e natureza, não como um mundo privado, mas intersubjetivo, ou seja, que nos é comum, que nos é dado ou que é potencialmente acessível a cada um de nós. E isso implica a intercomunicação e a linguagem. (SCHUTZ apud COULON, 1995, p.12).

Schutz identifica o indivíduo como construtor do seu próprio mundo, arquitetando sua vida cotidiana, e o senso comum é o recurso cognitivo que estabelece a relação e as ações do cotidiano, compartilhando suas experiências cheias de significatividade. Portanto, a intersubjetividade é o ponto crucial na obra de Schutz, percebendo o mundo social como um fenômeno intersubjetivo, o autor sugere nesse item a compreensão das motivações do outro em suas diferentes especificidades. Logo, é justamente a relação com o outro que viabiliza a experiência, consequentemente, as experiências cotidianas que não são privadas, particulares e, sim, compartilhadas e construídas a partir de relações com diferentes atores por meio da comunicação. Logo, as ações na vida cotidiana só têm sentido em relação às ações dos demais. Enfim, desenvolvem procedimentos de ajustes para que a experiência de um seja assimilada pelo outro, a partir de processos de comunicação e interação, dessa forma, elaborando uma realidade que se possa compartilhar criando uma vivência comum, entendida por todos aqueles que convivem no mesmo espaço social.

Schutz afirma que a interdependência nas relações da vida cotidiana traz consigo uma carga de conflitos inevitáveis, devido a sua subjetividade. Porém, é preciso compreender que não é uma equação cheia de conceitos definidos que visa a analisar as singularidades em seu mundo, mas sim uma investigação das típicas construções que incorporam essas singularidades. Dessa maneira, aflorando os níveis de significatividade dos atores envolvidos em determinada situação. O autor enfatiza o quanto a vida cotidiana e o senso comum não podem ser analisados por uma ótica racional e linear, esclarece o quanto é perigoso trabalhar com o senso comum, visto que é preciso compreender que este pode ser uma fonte rica de dados, mas desigual, desconexa.

Nessa perspectiva, a significatividade apresenta uma atividade interpretativa e seletiva visível no constante planejamento de tipificação desenvolvido não só pelo cientista social, mas também pela vida cotidiana em que os atores estão inseridos. Ou seja, o conhecimento do senso comum também é fator importante para essa construção, já que seleciona as informações que interessam e coaduna a um nível maior. Assim, são os conhecimentos extraídos da vida cotidiana que autor elege como conhecimento à mão, à disposição.

Em sua tese, identifica marcos importantes para uma investigação em Ciências Sociais; o primeiro indica que os atores interagem a partir de percepções pré-constituídas no caminho percorrido, ou seja, dos acontecimentos do passado. O segundo destaca a contínua movimentação social e atenta para a constante significação dos atores sobre suas ações. O terceiro ponto enfatiza sobre o conhecimento à mão que define as estruturas da vida cotidiana. Já o quarto ponto de análise, refere-se às construções desenvolvidas para uma contínua reflexão sobre as suas características e que tem como objetivo uma liberdade de se reinterpretar a partir de permanente observação. No ultimo ponto, o autor defende a reciprocidade, nesse item garante-se a propriedade que estabelece as relações entre as experiências e as ações subjetivas.

O conhecimento que Schutz identifica como a situação biográfica faz parte da dinâmica social e articula a construção da intersubjetividade, trazendo em seu objeto a praticidade e não o questionamento. Então, o passado comum, o envelhecer juntos só e possível não em experiências passadas, mas em possibilidades futuras. Para contemplar esse fim, é necessário enfatizar Gilberto Velho:

Alfred Schutz desenvolveu a noção de projeto como ‘conduta organizada para atingir finalidades especificas’. Embora o ator, em princípio, não seja necessariamente um individuo, podendo ser um grupo social, um partido, ou outra categoria, creio que toda a noção de projeto está indissoluvelmente imbricada à ideia de individuo-sujeito […] A consciência e valorização de uma individualidade singular, baseada em uma memória que dá consistência à biografia, é o que possibilita a formulação e condução de projetos. Portanto, se a memória permite uma visão retrospectiva mais ou menos organizada de uma trajetória e biografia, o projeto é a antecipação no futuro dessas trajetória e biografia, na medida em que busca, através do estabelecimento de objetivos e fins, a organização dos meios através dos quais esses poderão ser atingidos. A consciência do projeto depende da memória que fornece os indicadores básicos de um passado que produziu as circunstâncias do presente, sem a consciência das quais seria impossível ter ou elaborar projetos […] O projeto e a memória associam-se e articulam-se ao dar significado à vida e às ações dos indivíduos, em outros termos, a própria identidade. (1994, p.101).

 

O Interacionismo Simbólico por George Herbert Mead

É necessário pontuar e revisitar o conceito de Interacionismo Simbólico e seus demarcadores, tendo como intenção a clarificação e a compreensão deste, bem como investigar teoricamente questionando os seus espaços metodológicos.

No final do século XIX e primeira metade do século XX, os temas investigados são essencialmente urbanos e fixam-se nas premissas empíricas e na perspectivas microssociológicas, contrapondo-se a generalizações. Neste ínterim encontram-se W. Thomas com “definição de situação” e George Herbet Mead com a definição de ”o outro generalizado”, pois visam às relações entre indivíduo e sociedade.

O outro ponto central da discussão é não dissociar o Interacionismo Simbólico da Escola de Chicago, em virtude de que essa última está inspirada no pragmatismo e foi desenvolvida por autores como Charles Pierce e Willian James que influenciaram George Herbert Mead e John Dewey que acabaram sendo alguns dos responsáveis pela adaptação do pragmatismo à teoria social.

Portanto, o Interacionismo Simbólico é compreendido como um conceito interdisciplinar que torna sua utilização conceitual muito cuidadosa, justamente por transitar em diferentes terras científicas. Para tanto, são três as premissas básicas do Interacionismo Simbólico:

O ser humano age com relação às coisas na base dos sentidos que elas têm para ele. Estas coisas incluem todos os objetos físicos, outros seres humanos, categorias de seres humanos (amigos ou inimigos), instituições, ideias valorizadas (honestidade), atividades dos outros e outras situações que o indivíduo encontra na sua vida cotidiana. O sentido destas coisas é derivado, ou surge da interação social que alguém estabelece com seus companheiros. Estes sentidos são manipulados e modificados através de um processo interpretativo usado pela pessoa ao tratar as coisas que ela encontra. (HAGUETTE, 2007, p.35)

 

Para Mead, os indivíduos interagem a partir do significado que dispõem do mundo social e de si próprios. Compreendia, dessa forma, que a sociedade exercia um grande poder sobre os indivíduos, mas ao mesmo tempo entendia que os homens não estavam inertes a esse poder, justamente pela sua capacidade simbólica de interpretar e reagir tanto em grupo como individualmente à realidade vivida. Entretanto, é necessário enfatizar que por mais que Mead tenha primado pelo social, ele não compartilha da teoria de Durkheim, visto que sua tese concentra-se na internalização do social, na relação, na interação com o simbólico, seu principal interesse está nas formas de acesso do mundo empírico por meio da observação da experiência cotidiana; uma vez que a sociedade está constantemente sendo criada e recriada nas relações sociais nas quais os indivíduos relacionam-se, tendo como referência uns aos outros.

Logo, a questão norteadora do autor está em entender a gênese do eu humano no processo da interação social, o que faz minuciosamente nas suas investigações e socializa em suas palestras e aulas registrando em seus manuscritos, uma vez que suas obras organizadas são póstumas. A sofisticada obra Espiritu, Persona y Sociedad, publicada pela primeira vez em 1934, o autor investiga a origem da mente e do self e suas relações no processo social, realizando uma densa descrição dos diferentes processos de sociabilidades que o indivíduo participa para poder, desse modo, emergir a concepção do indivíduo orientado para si próprio e para o outro.

Portanto, para Mead é de vital importância contrastar a teoria do self, para o autor o self é primordialmente social é só ocorre no campo da experiência “es imposible concebir una persona surgida fuera de la experiencia social” (MEAD, 1982, p.172). E fundamental compreender que o self, além de ser uma dimensão da consciência que o individuo tem de si, é também uma experiência social, ele não é um aparelho biológico; o self é um processo reflexivo, é a capacidade de considerar-se um objeto.

Assim, se o self acontece a partir da experiência social e é uma atividade reflexiva, Mead precisa defini-la, como um intercâmbio simbólico e investigar a reflexividade do indivíduo. No primeiro, o self só pode ser desenvolvido quando os indivíduos pertencerem e agirem segundo atitudes comuns de uma dada linguagem simbólica. Mead defende a universalidade da linguagem e questiona o poder dos seus significados no cotidiano social

nuestros símbolos son todos universales. No se puede decir nada que sea absolutamente particular; cualquier cosa que uno día, que tenga alguna significación, es universal. Se está diciendo algo provoca una reacción especifica en alguien siempre que el símbolo exista para ese alguien, en su experiencia, como existe para uno. (MEAD,1982. p. 177).

Já no que tange à capacidade de reflexividade do indivíduo, o autor propõe a necessidade da compreensão de se colocar no lugar do outro, adotando a atitude do outro. Devendo, dessa forma, imaginar a situação na perspectiva do outro individuo. Essa capacidade de colocar-se no lugar do outro implica duas questões do self: o eu e o mim. O eu refere-se ao momento em que o individuo está na ação. O mim é o objeto em si, ou melhor, representa o outro no momento em que se consegue olhar a partir do outro, a sua imagem. Nas palavras de Mead (1982),

El ‘yo’ es la acción del individuo frente a la situación social que existe dentro de su propia conducta, y se incorpora a su experiencia solo después de que ha llevado a cabo el acto. Entonces tiene consciencia de este. Tuvo que hacer tal y cual cosa, y la hizo. Cumple con su deber y puede contemplar con orgullo lo que ya hecho. El ‘mi’ surge para cumplir tal deber: tal es la forma en que nasce en su experiencia. Tenía en si todas las actitudes de los otros, provocando ciertas reacciones; ese era el ‘mi’ de la situación, y su reacción es el ‘yo’. (1982, p. 203)

O self constitui-se uma dualidade interdependente entre o eu e o mim, Mead concentra sua investigação na capacidade que o self tem de introjetar os valores e as regras sociais. De acordo com o autor, o ato de pensamento faz intervir os dois polos. O pensar para Mead é uma ação mediante a qual os indivíduos tomam consciência de si mesmos e se reconhecem socialmente.

Outra particularidade desse raciocínio é como o autor desenvolve sua perspectiva sobre o pensamento. Colocando como objeto do indivíduo, o próprio sujeito, já que identifica que o self traz esse trânsito e comporta essa discussão justamente pela sua reflexividade, porque no momento em que o ser humano apresenta a capacidade de interagir consigo mesmo determina também a existência da reciprocidade do eu e do mim, da dualidade do self. Assim, o processo de significação de si é resultado da diferença individual e do outro generalizado.

Consequentemente, há um contínuo diálogo entre o eu e mim, e indivíduo e comunidade. Mead reflete sobre o indivíduo e o social, entende a especificidade do reconhecimento de si mesmo a partir do reconhecimento do outro e dos outros em si mesmo, o que nomeia com o outro generalizado e advoga “La persona es el otro, el otro organizado, generalizado si se prefiere” (1982.p.221). Sintetizando, dessa forma, as diferentes situações cotidianas encontradas pelos indivíduos nas situações e nos diversos processos de sociabilidades, compondo assim o self.

Em sua obra Mead deixa claro que sua preocupação é investigar as implicações sociais sobre a sociabilidade, preocupando-se em explicar a constituição das identidades sociais, compreendendo a manutenção e a construção dessa realidade social.

 

Considerações Finais

Considerações finais deste ensaio e iniciais para um próximo, pois os espaços em que estabelecemos nossas ações exigem a compreensão dos fatos que contribuem para a existência da realidade em que nos inserimos como agentes (trans)formadores de práticas sociais. A tomada de postura crítica frente aos problemas contemporâneos parte da investigação social da realidade em que estamos inseridos, originada da necessidade de solucionar problemas num determinado contexto social.

O conhecimento interpretativo dos atores sociais envolvidos em um determinado contexto é fundamental para a compreensão das situações que conformam a realidade concreta. Contudo, estabelecer as relações possíveis entre a prática, seus entendimentos e a situação social em que essas ocorrem, requer a “ruptura” de crenças acerca do trabalho investigativo. Ou seja, é preciso esclarecer que este não se postula a “teorias implícitas”, muito ao contrário, pois é resultado de uma ação humana, que, por sua vez, foram concebidas por alguém.

Para ilustrar este ensaio foi necessário identificar o quanto é difícil separar essas duas perspectivas teóricas, uma vez que, seus pensadores compartilharam tanto autores como fontes teóricas. A filosofia alemã será uma influência significativa para os pragmáticos da Escola de Chicago. Assim como a figura de Georg Simmel, pois, nesse sentido destaca-se a importância do contínuo processo de observações, reflexões, investigações e análises do conceito sociedade. Como realça o próprio Simmel, o conceito de sociedade, deve ser percebida como a “interação psíquica entre os indivíduos” (p.15). O mesmo autor compreende a sociedade em dois momentos, um em constante relacionamento influenciando e sendo influenciável; e, em outro momento, os indivíduos agem, fazem e sofrem ao mesmo tempo, que ele identifica como sociação. Simmel, o pensador das relações sociais da vida urbana, enfatiza sua compreensão de interação social, na interação com o outro. Nesse ponto, a perspectiva simmeliana abrange o olhar da sociedade a partir da interação entre indivíduos e focaliza uma diferenciação entre a forma e conteúdo. Ele destaca a sociação como a forma pela qual os indivíduos desenvolvem uma integração para atender seus interesses, sendo a forma e conteúdo indissociáveis. De confirmidade com a sociação, Simmel conceitua a sociabilidade como “a forma lúdica da sociação” (SIMMEL, 2006 p. 65). Nessa perspectiva, é que o conhecimento das Ciências Sociais precisa do reconhecimento de distintas observações sobre determinados espaços sociais, e compreendendo seus atores como articuladores e dinamizadores dos seus próprios contextos. Compreender as escolas teóricas metodológicas, como elemento crucial na partilha de experiências e na interlocução dos conhecimentos, permitindo o avanço para um descondicionamento progressivo dos ranços da perspectiva tradicional.

Novas perspectivas e influências possibilitam a reorientação do enfoque social, essas transformações aprofundam o saber social e possibilitam a descoberta de novas abordagens; desmoronando a continuidade, o questionamento de abordagens universalizantes do real; permitindo, assim, o questionamento. Dinamizando, por conseguinte, as relações sociais e influenciando a abertura de perspectivas, as quais tipificam e diversificam o gênero; o imaginário; a representação; o cotidiano; buscando e preservando as especificidades, assim como identificando compreensões profundas das relações, das interações sociais.

Este ensaio teve como intuito refletir sobre escolas teóricas metodológicas de grande influência nas Ciências Sociais e suas influências na sociedade contemporânea, instigado tanto pela massiva produção acadêmica que tem se construído nas ultimas décadas, como pela inquietação elaborada a partir de observações feitas nas relações cotidianas.

 

Referências

HAGUETTE, Teresa Maria Frota. Metodologias Qualitativas na Sociologia. 3.ed. Petrópolis: Vozes, 1992.

JOAS, H. 1999. Interacionismo Simbólico. In: A. Giddens e J. Turner (EDS)Teoria social hoje. São Paulo: Editora da UNESP, p. 128-174.

MARTINS, José de Souza. O senso comum e a vida cotidiana.Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 10(1): 1-8, maio de 1998.

MEAD, G. H. Espiritu, Persona y Sociedad, Barcelona: Paidos, 1982.

SIMMEL, G. Questões fundamentais da sociologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006.

SCHUTZ, Alfred. El problema de la realidad social. Buenos Aires: Amorrortu, 1974.

TOURAINE, Alain. Um novo paradigma: para compreender o mundo de hoje. Petrópolis: Vozes, 2006.

Velho, Gilberto. Projeto e Metamorfose: antropologia das sociedades complexas. 2. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 1999. p. 11-30.

WACQUANT, Loïc J. D. Durkheim e Bourdieu: A base comum e suas fissuras. In: Novos Estudos CEBRAP, n. 48, julho de 1997.

2 MARTINS, José de Souza. O senso comum e a vida cotidiana.Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 10(1): 1-8, maio de 1998.

Roberta Lopes Augustin

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