Atores sociais e o estado moderno: os impactos da sociedade de risco

Cleide Calgaro 08/09/11
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Resumo: O presente estudo tem por finalidade verificar a análise dos alicerces explicativos dos atores sociais, ou seja, os indivíduos e do Estado Moderno. Também, analisar-se-á a influência da sociedade de risco frente a modernidade e aos atores sociais, verificando-se as conseqüências trazidas por esses fatores.

Palavras-Chave: atores sociais; modernidade; risco; liberalismo; Estado.

Abstract: This study aims to verify the explanatory analysis of the foundations of social actors, ie individuals and the Modern State. Also examined will be the influence of risk society in the face of modernity and social actors, and there are the consequences brought by these factors.

Keywords: social actors, modernity, risk, liberalism, state.

Sumário: Introdução; 1. Os atores sociais e a sociedade; 2. O Estado Moderno: liberalismo versus modernização; 3. Os atores sociais frente ao Estado Moderno: a sociedade de risco; Considerações Finais; Referências Bibliograficas;

 

Introdução

Neste trabalho se possui a aspiração de estudar os atores sociais e seus protagonismos no Estado moderno. Também, busca-se analisar o liberalismo e a modernização vislumbrando verificar as atuações dos atores sociais nesse contexto que modificam estruturalmente a sociedade pré-moderna.

E, por fim, verificar-se a sociedade de risco e as suas conseqüências para os atores e para a modernidade.

Assim, o risco acaba sendo inerente à modernização e a globalização, pois a evolução acaba por gerar situações que muitas vezes fogem ao controle dos atores e se traduzem no risco que se transforma em perigo, eis o paradoxo moderno.

Num primeiro momento se trabalharão os atores sociais na sociedade moderna e os principais problemas surgidos dentro desse contexto. Analisar-se os riscos trazidos dentro dessa sociedade.

Já, num segundo momento, estudar-se-á o estado moderno comparando o liberalismo e a modernidade e, as conseqüências trazidas por ambos. E, por fim, se observará os atores sociais frente ao estado moderno e as conseqüências da sociedade de risco.

 

1 Os atores sociais e a sociedade

Quando se analisa os atores sociais se trabalhará com os indivíduos em sua integralidade, sendo um dos atores que compõem o cenário global.

Para Pereira:

No que se refere ao ator, ele pode ser tanto um indivíduo, quanto uma coletividade. Ele é, ao mesmo tempo, um sistema de ação e um ponto de referência. Como sistema de ação, ele pode ser indivíduo ou coletividade; como ponto de referência, pode ser um ator-sujeito ou um objeto social. Os objetos sociais também podem ser indivíduos ou coletividades, sendo esta “um sistema da ação composto por uma pluralidade de atores individuais que guardam determinadas relações uns com os outros”. (grifo do autor). (PEREIRA, 2003, p. 39).

As práticas sociais podem ser entendidas como procedimentos, métodos ou técnicas hábeis executados apropriadamente pelos agentes sociais.

Cohen (1999) afirma que:

Giddens recusa-se a negar a diversidade histórica como uma característica fundamental das práticas sociais. Os seres humanos, observa ele, são diferentes dos animais porque não são biologicamente programados para produzir vida social, embora evidentemente alguma concessão deva ser feita quanto às qualidades universais do organismo humano. Na ausência de muitas formas instintivas de atividade, é difícil imaginar qualquer mecanismo alternativo que garantiria as regularidades trans-históricas de conduta. Ademais, ao contrário do que sucede com relação aos processos naturais, não é intuitivamente óbvio que muitas uniformidades da prática realmente existam. De fato, com base nas aparências imediatas, a variabilidade das práticas entre civilizações e sociedades geográficas e historicamente remotas parece muito mais pronunciada do que as suas similaridades gerais. (COHEN apud GIDDENS, 1999, p. 415).

Na visão de Giddens (2004, p. 666) “o comportamento humano é complicado e multifacetado e é muito pouco provável que uma perspectiva teórica possa cobrir todas as características”.

É essa diversidade de pensamento que estimula o progresso da sociedade e do futuro das mesmas.

Como destaca Giddens (1995, p. 42):

Uma pessoa que arrisca algo corteja o perigo […] qualquer um que assume um ‘risco calculado’ está consciente da ameaça ou ameaças que uma linha de ação específica pode por em jogo. Os riscos são aqueles perigos que decorrem de nossas ações. Toda ação implica decisão, escolha e aposta. Em toda aposta, há riscos e incertezas. Tão logo agimos, nossas ações começam a escapar de suas intenções; elas entram num universo de interações e o meio se apossa delas, contrariando, muitas vezes, intenção inicial.

Assim, o risco acaba sendo inerente às ações e não se tem como escapar do mesmo, pois o risco faz parte da sociedade e de suas ações.

No limiar do século XXI, Habermas prevê que o futuro aparenta ser negativo para os atores sociais, pois em sua ótica:

Desenha o panorama aterrador da ameaça mundial aos interesses da vida em geral: a espiral armamentista, difusão incontrolada de armas nucleares, o empobrecimento estrutural dos países em desenvolvimento, o desemprego e os desequilíbrios sociais crescentes nos países desenvolvidos, problemas com o meio ambiente sobrecarregado, altas tecnologias operadas às raias da catástrofe, dão as palavras-chave que invadiram a consciência pública através dos meios de comunicação em massa. As respostas dos intelectuais refletem uma perplexidade não menor do que a dos políticos. Não é de forma alguma apenas realismo se uma perplexidade aceita temerariamente coloca-se cada vez mais no lugar de buscas de orientação que apontem para o futuro. A situação pode estar objetivamente ininteligível. Contudo essa imperspicuidade é também uma função da presteza de ação de que uma sociedade se julga capaz. Trata-se da confiança da cultura ocidental em si mesma. (1987, p.104).

Habermas vai além manifestando seu descontentamento com o Estado social-democrata e com os teóricos da pós-modernidade. Afirmando que:

[…] Elas apresentam a ciência, a técnica e o planejamento como instrumentos promissores e seguros para um verdadeiro controle da natureza e da sociedade. Contudo, precisamente essa expectativa foi abalada por evidências massivas. A energia nuclear, a tecnologia de armamentos e o avanço no espaço, a pesquisa genética e a intervenção da biotecnologia no comportamento humano, a elaboração de informações, o processamento de dados e os novos meios de comunicação são técnicas de conseqüências intrinsecamente ambivalentes. E quanto mais complexos se tornam os sistemas necessitados de controle, tanto maiores as probabilidades de efeitos colaterais disfuncionais. Nós percebemos diariamente que as forças produtivas transformam-se em forças destrutivas e que a capacidade de planejamento transforma-se em potencial desagregador. Diante disso, não constitui surpresa que hoje ganhem influência, sobretudo aquelas teorias desejosas de mostrar que as mesmas forças de incrementação do poder – das quais a modernidade extraiu outrora sua autoconsciência e suas expectativas utópicas – na verdade transformaram autonomia em dependência, emancipação em opressão, racionalidade em irracionalidade. (HABERMAS, 1987, p. 105).

Já, Beck (2004, p. 680) confirma a idéia de Habermas, analisando que a nova sociedade não anuncia o término das tentativas de reforma social e política, surgindo uma nova forma de ativismo. Ele corrobora, verificando a emergência de um novo campo denominado de sub-política, cujo termo designa as atividades de grupos e agências que operam fora dos mecanismos formais da democracia política, como os grupos ecológicos, de direitos dos consumidores ou de direitos humanos.

Ressalta, ainda, que a responsabilidade da gestão do risco não pode ser deixada ao arbítrio de políticos e cientistas, fazendo-se necessário a participação de outros grupos.

Giddens (2004, p. 682) dispõe que estes grupos, os quais Beck fez referência, ou seja, a agências e os movimentos que trabalham fora do enquadramento formal da política, podem ter um relevante papel, mas, não suplantarão a democracia ortodoxa. A democracia ainda é fundamental, pois os grupos existentes na área da sub-política fazem reivindicações divergentes e têm interesses diferentes. Ou seja, a democracia é fundamental para se possuir a “liberdade” dentro do contexto social vigente.

Nessa linha, Castel analisa o enfraquecimento do Estado afirmando que:

Há na verdade o enfraquecimento do Estado, entendido como um Estado nacional-social, isto é, um Estado capaz de garantir um conjunto de proteções no quadro geográfico e simbólico da nação, porque ele mantém o controle sobre os principais parâmetros econômicos. (CASTEL, 2005, pp. 42-43). […] Com o enfraquecimento do Estado nacional-social, indivíduos e grupos que sofrem as mudanças socioeconômicas que intervieram desde meados dos anos 1970, sem ter a capacidade. Daí a insegurização em face do futuro e uma confusão que também podem alimentar a insegurança civil, sobretudo em territórios como as periferias onde se cristalizam os principais fatores de dissociação social. (CASTEL, 2005, p. 59).

Essa grande massa de pessoas desempregadas gera a precarização das relações de trabalho, pois faz com que o operário para garantir um emprego seja cada vez mais competitivo, pensando somente em si, no que Castel denomina de “concorrência entre iguais” (2005, p. 45), enfraquecendo-o.

Dessa maneira considera-se importante a manifestação de BOFF:

Somos um povo com profundas desigualdades sociais e fortes hierarquizações. Tal situação seria propícia a revoluções violentas, que ocorrem, normalmente, quando setores fortes da sociedade civil derrubam aparelhos do Estado e assumem o poder. A persistente dominação impediu entre nós a constituição de uma sociedade civil sustentável e obrigou a permanente negociação e a conciliação dos opostos. (BOFF in VIANA; SILVA; DINIZ (org.), 2001, p. 19).

Beck (1995, p. 12) dispõe que em razão do seu inerente dinamismo, a sociedade moderna está terminando com suas formações de classe, camadas sociais, ocupação, papéis dos sexos, família nuclear, agricultura, setores empresariais e, também com os pré-requisitos e as formas contínuas do progresso técnico-econômico. Este estágio novo, pode levar o progresso a se transformar em autodestruição, em que um tipo de modernização destrói outro e o modifica, denominando-as como etapas da modernidade reflexiva.

[…] o industrialismo, em seu estágio avançado na segunda metade do século XX, está crescentemente produzindo efeitos que não podem mais ser abarcados ou cobertos pelo cálculo do risco e do seguro. Em vez disso, este último enfrenta as instituições técnicas e sociais do “Estado de precaução” com ameaças que anulam, desvalorizam e destroem todos os cálculos a partir de suas próprias fundações. Falando de modo irônico, a auto-reflexão da sociedade industrial tardia sobre o padrão de risco permanece e nos cega para a confrontação com ameaças incalculáveis, que são constantemente eufemizadas e trivializadas em riscos calculáveis. Também nos deixa cegos, para a crise institucional, a perda de fé e suas conseqüências e perturbações para o direito, a política, a economia e o que parece ser privacidade, que dessa forma fazem-se permanentes. (BECK, 1995, p. 217).

Por isso, de acordo com Giddens (apud Beck, 1995, p. 12) precisa-se repensar, reinventar a civilização industrial que está em crise.

Para Ianni (IANNI, 1994, pp.02-03), o estudo da sociedade global apresenta algumas características, sendo que cada uma e todas juntas nos permitem um novo olhar do objeto das ciências sociais como as dificuldades epistemológicas que suscita:

Primeiro, baseiam-se principalmente nos ensinamentos das seguintes teorias, muito correntes nas ciências sociais: evolucionismo, funcionalismo, sistêmica, estruturalista, weberiana e marxista. Essas são as que predominam, às vezes em termos bastante sistemáticos, outras vezes utilizadas de modo fragmentário. Também há tentativas de combinar elementos de várias teorias, em formulações ecléticas. Em várias casos, no entanto, fica evidente a dificuldade que alguns autores enfrentam para libertar-se dos quadros de referência representados pela sociedade nacional, como emblema do paradigma clássico, e pensar a sociedade global em toda a sua originalidade.

Segundo, priorizam determinados aspectos da sociedade global: econômicos, financeiros, tecnológicos, informáticos, culturais, religiosos, políticos, geopolíticos, ecológicos, sociais, históricos, geográficos e outros. São poucos os que formulam abordagens gerais, abrangentes, integrativas. Também são poucos os que reconhecem que o conjunto das relações, processos e estruturas que descrevem e interpretam diz respeito a um objeto novo constituído pela sociedade global.

Ianni apresenta a terceira característica focalizando na sociedade global e priorizando a superpotência mundial, o mesmo afirma que:

Terceiro, a maioria situa-se em perspectiva que se pode denominar de convencional. Focaliza este ou aquele aspecto da sociedade global, priorizando antecipadamente uma perspectiva: a superpotência mundial; uma ou várias das nações dominantes ou centrais no cenário mundial; uma ou várias nações do ex-Terceiro Mundo, do sul ou da periferia, tais como as asiáticas, africanas, latino-americanas e inclusive remanescentes do ex-bloco soviético do leste europeu; a comunidade européia; a classe ou as classes dominantes; as classes subalternas, compreendendo trabalhadores assalariados em geral, proletariado e campesinato; as etnias minoritárias; a luta pela soberania nacional, com base em projeto capitalista, socialista ou terceira via; a rede intra e intercorporações, conglomerados ou empresas, compreendendo muitas vezes alianças estratégicas entre elas; a nova divisão internacional do trabalho e da produção; a mídia internacional; um ou outro fundamentalismo religioso, incluindo-se o islamismo, catolicismo, protestantismo e outros; a luta pela hegemonia mundial por parte desta ou daquela nação.

Num quarto momento, Ianni aponta o método comparativo, afirmando que estão na base de praticamente todos os estudos e interpretações. Além disso, compara nações e continentes, tecnologia e mercadorias entre outros, mostrando que existe relação entre essas comparações. Salienta que:

Quarto, o método comparativo evidentemente está na base de praticamente todos os estudos e interpretações. Comparam-se nações e continentes, tecnologias e mercadorias, regimes políticos e políticas governamentais, indicadores econômicos, financeiros, políticos, sociais e culturais, economias estatizadas mistas e de empresa privada, mercado e planejamento. Há casos em que a comparação elege relações, processos e estruturas, procurando combinar configurações sincrônicas e diacrônicas. Em outros casos, comparam-se índices, indicadores, variáveis. E claro que o recurso ao método comparativo apóia-se, em última instância, em uma das teorias mobilizadas para a pesquisa: evolucionismo, funcionalismo, sistêmica, estruturalista, weberiana ou marxista. Em geral, a comparação toma como referência aberta ou implícita este ou aquele país moderno, desenvolvido, industrializado, pós-industrial. (grifo do autor)

Por fim, na quinta característica verifica-se a questão da desterritorialização

Quinto, são poucos, muito poucos, os que se posicionam nos horizontes da desterritorialização, uma perspectiva que pode passar pelas convencionais, mas não se fixa em nenhuma, como a que seria prioritária, privilegiada ou mais avançada. Dado ao fato de que esse novo objeto das ciências sociais não só é novo, mas também muito problemático, seria apressado estabelecer precipitadamente uma perspectiva como prioritária ou exclusiva. A fecundidade possível da reflexão sobre a sociedade global, em suas configurações e seus movimentos, pode ampliar-se bastante se o sujeito do conhecimento não permanece no mesmo lugar, deixando que o seu olhar flutue livre e atento por muitos lugares, próximos e remotos, presentes e pretéritos, reais e imaginários. (IANNI, 1994, pp.02-03).

Percebe-se que o paradigma clássico, que foi fundado na reflexão sobre a sociedade nacional, está subsumido pelo novo paradigma, fundado na reflexão sobre a sociedade global. Assim, o conhecimento acumulado não é mais suficiente para tornar claros os novos movimentos que estão surgindo dentro do contexto global e local. A sociedade esta cada vez mais em movimento, e, esses ciclos são difíceis de serem previstos devido à paradoxalidade e o risco existe na atual sociedade moderna.

Á frente Ianni faz afirmações acerca da globalização e da humanidade verificando que:

Acontece que a globalização em curso no fim do século XX pode ser algo muito novo, a despeito da impressão de que parece apenas continuidade. A humanidade de que se falava no passado era uma idéia, hipótese, utopia. A globalização que prenuncia o século XXI está aí, dada, evidente, esperando ser pensada, revelando a humanidade como ela começa a ser. “A idéia de humanidade é um pensamento antigo e persistente. Mas foi como uma idéia potencialmente realizável, ou como um ideal a ser procurado, que empolgou a atenção de filósofos. No entanto, à medida em que se expande a sociedade ocidental, desde o século XVI, acentua-se a distância entre a realidade e o ideal. A diversidade cultural e o freqüente desentendimento mútuo parecem caracterizar o mundo real. O método comparativo tornou-se central na sociologia precisamente como resposta a essa experiência. Foi a realidade do desenvolvimento social que mudou essa situação. Desde a Segunda Guerra Mundial, tem havido um crescente reconhecimento, entre sociólogos, de que a população mundial está envolvida em um único sistema social mundial. Sociedade, como tal, passa a compreender uma multidão de sociedades que, no contexto de um sistema mais amplo, podem somente encontrar uma autonomia relativa e condicionada, em grande medida como nações-estados estreitamente entrelaçados. (IANNI, 1994, p.03).

Portanto os atores sociais que vivem dentro do contexto atual precisam se adaptar as mudanças que acabam, por sua vez, sendo ciclicas e até paradoxais, prejudicando e ajudando no desenvolvimento da sociedade moderna. O local depende do global e o global depende do local, assim gira uma sociedade que esta em constante movimento.

 

2 O Estado Moderno: liberalismo versus modernização

Incialmente se faz necessário a análise do liberalismo frente ao Estado moderno, pois o mesmo foi a estrutura fundante de nosso sistema capitalista/cartesiano de desenvolvimento.

Na visão de Agostinho e Henrique Pereira,

A modernidade veio, com a possibilidade, por meio de conceitos concretos e desenvolvidos sob a ótica das certezas tecnológicas e científicas, além, certamente, da utilização da razão como forma de dominação da natureza, estabelecer uma sociedade capaz de proporcionar felicidade e satisfação a todos os cidadãos. […]. Com a modernidade, surgem aspectos como o dinamismo tecnológico, a forte vinculação com a razão; a idéia de ciência, como elemento de exatidão e certeza; a liberdade vinculada à razão; o otimismo exagerado de benesses a todos, dentro da idéia de globalização, entre outros. (PEREIRA; CALGARO, 2008, p. 230).

Para isto se faz necessário modificar o sistema de pode do Estado medieval configurando na atualização monárquica. As sementes lberais já perambulavam no seio medieval e encontraram terra fértil na revolução francesa, com a liberdade, igualdade e fraternidade.

Quando se vislumbra o sistema liberal, verifica-se que o mesmo surge no século XVIII, e se desenvolve até os dias atuais. O seu aparecimento se manifesta no século XVIII, cujo ápice se dá no século XIX, mas, há uma diminuição de importância na primeira metade do séc. XX, e, por final, ressurgimento no fim do século XX, demonstra a existência de crenças e, mesmo descrenças tanto em seus parâmetros delineadores quanto nos benefícios que presta aos atores sociais.

Destarte, no que se alude ao Estado, o liberalismo atribui a ele as funções de proteger a propriedade, a liberdade e a paz, o que revela um Estado mínimo e fraco perante a qualquer direcionamento, seja político, ou econômico. Na visão de Bonavides:

Com a construção do Estado jurídico, cuidavam os pensadores do direito natural, principalmente os de sua variante racionalista, haver encontrado formulação teórica capaz de salvar, em parte, a liberdade ilimitada que o homem desfrutava na sociedade pré-estatal ou dar a essa liberdade função preponderante, fazendo do Estado o acanhado servo do indivíduo. (BONAVIDADES, 1972, p.02).

Neste azo, a burguesia revoltada contra o absolutismo utilizou essas idéias para a destruição do já decadente Estado Medieval e firmar-se no poder. Assim, a posição liberal tem sua razão de ser, pois a burguesia possuía pretensões de libertar-se do absolutismo e por essa razão a idéia de liberdade plena estava presente com fervor nos discursos que manifestavam a igualdade de todos os homens (BONAVIDADES, 1972, p. 05).

Percebe-se que no estado liberal a igualdade é uma mera quimera em nossa sociedade. Quando se analisa as proposições que envolvem essa questão as dúvidas podem aparecer em diversos sentidos: se os homens (atores sociais) são iguais, o tratamento jurídico deve ser igual a todos; mas, se os homens são diferentes à dimensão da igualdade aplicada aos desiguais pode gerar injustiças. Dentro desse viés percebe-se que, para fazer a justiça, é imprescindível o tratamento desigual vinculado ao intuito de proteção aos menos favorecidos, ou seja, as pessoas são iguais na medida de suas desigualdades.

Nessa seara, o liberalismo deve se contentar com suas idéias voltadas para a aquisição de bens de consumo, e as possíveis satisfações básicas que este tipo de conduta possa trazer à sociedade. Isso justifica a concomitância do desenvolvimento do liberalismo com o da sociedade consumerista e com a modernidade.

Os países se desenvolvem em uma cultura de dominação e alienação política, econômica e mesmo cultural, por meio de todas as relações que envolvem um ser humano, sejam elas laços familiares, profissionais, educacionais, religiosas, culturais, políticos e mesmo jurídicos, onde alguns são moldados sob forma e caminho muitas vezes não corretos.

Como salienta Pereira,

Hoje, amar é como um passeio no shopping, visto que, tal como outros bens de consumo, o relacionamento humano deve ser consumido instantaneamente, não requer maiores intimidades nem grandes conhecimentos sobre a pessoa a se relacionar. Em seguida, será destruído e, depois, criam-se outros laços com outras pessoas da mesma forma. Assim, contruindo laços afetivos rapidamente e, logo, demanchando-os, como um bem de consumo. (PEREIRA; HORN, 2009, p. 15).

BOFF in VIANA; SILVA; DINIZ (org.) afirma que:

Pesa o processo de globalização, pela via predominante do econômico-financeiro, a nuvem negra da desesperança para os pobres do mundo por causa dos altos níveis de exclusão que ele provoca. Se não houver esperança de dias melhores mediante outras formas mais solidárias de globalização, é possível a violência da insurreição e da depressão, em dimensões inimagináveis. Por isso é importante a esperança e a introdução das mudanças urgentes que fundamentem essa esperança para que ela não se transforme em pura alienação e quimera. (2001, p. 25).

A modernidade, o capitalismo, a globalização vieram como justificação de concentração de poder, assim, trazendo uma carência de valores entre os seres humanos, principalmente nas questões referentes a igualdade, a liberdade, ao consumo e o meio ambiente.

Para Giddens,

a modernidade, como qualquer um que vive no final do século XX pode ver, é um fenômeno de dois gumes. O desenvolvimento das instituições sociais modernas e sua difusão em escala mundial criaram oportunidades bem maiores para os seres humanos gozarem de uma existência segura e gratificante que qualquer tipo de sistema pré-moderno. Mas a modernidade tem também um lado sombrio, que se tornou muito aparente no século atual. (1991, pp.12-13).

Isso leva a sociedade a um risco inerente e esse mesmo risco pode levar a saturação dos sistemas. Faz-se fundamental a mudança de matrizes dos sistemas. O sonho liberal de igualdade desfaz, pois dentro do atual sistema jamais poder-se-á atingi-la de forma plena e equânime.

Assim, quando analisa a modernidade Ianni (1994) afirma que:

Ocorre que a sociedade global não é a mera extensão quantitativa e qualitativa da sociedade nacional. Ainda que esta continue a ser básica, evidente e indispensável, manifestando-se inclusive em âmbito internacional, é inegável que a sociedade global se constitui como uma realidade original, desconhecida, carente de interpretações. (1994, p. 01).

A globalização é um processo aberto e intrinsecamente paradoxal, as suas reais implicações são imensuráveis. Outro modo de pensar esta dinâmica é em termos de risco, pois muitas são as mudanças acarretadas pela globalização, resultando em novas formas de risco, bem diversas daquelas anteriormente vistas. Ao contrário dos riscos ocorridos no pretérito, que possuíam causas estabelecidas e, até efeitos conhecidos, os riscos atuais são incalculáveis e de implicações indeterminadas. (Giddens, 2004, p. 65).

No mundo globalizado, os riscos de todas as espécies, como ecológicos, consumeristas, sociais, etc., ameaçam o homem de formas diversas.

 

3 Os atores sociais frente ao Estado Moderno: a sociedade de risco.

A sociedade de risco é algo inerente à modernidade e a qual os atores sociais devem conviver com a mesma, e tentar minimizar os seus efeitos.

Antes de adentrar acerca da sociedade de risco, é importante se entender o significado de “modernidade reflexiva”, que na ótica de Giddens (apud Beck, 1995, p. 12) é “a possibilidade de uma (auto) destruição criativa para toda uma era: aquela da sociedade industrial”. Importante, ressaltar que “o sujeito dessa destruição não é a revolução, não é a crise, mas a vitória da modernização ocidental”. (Beck, 1995, p.12).

Já, na visão de Beck:

Se, no fundo, a modernização simples (ou ortodoxa): significa primeiro a desincorporação e, segundo, a reincorporação das formas tradicionais pelas formas sociais industriais, então a modernização reflexiva quer dizer primeiro a desincorporação e, segundo, a reincorporação das formas sociais industriais por outra modernidade. (1995, p.12).

Beck (1995, p. 12) dispõe que em razão do seu dinamismo, a sociedade moderna está terminando com suas formações de classe, camadas sociais, ocupação, papel dos sexos, família nuclear, agricultura, setores empresariais e, é claro, também com os pré-requisitos e as formas contínuas do progresso técnico-econômico. Este passa a ser o novo estágio, em que o progresso pode se transformar em máquina de autodestruição.

Por essa razão, Beck (1995, p. 13) salienta que:

Supõe-se que modernização reflexiva signifique que uma mudança da sociedade industrial – ocorrida sub-repticiamente e sem planejamento no início de uma modernização normal, autônoma, e com uma ordem política e econômica inalterada e intacta – implica a radicalização da modernidade, que vai invadir as premissas e os contornos da sociedade industrial e abrir caminhos para outra modernidade.

Pode-se afirmar, portanto, que há o triunfo do capitalismo neoliberal que acabou assumindo uma nova face por meio da globalização, uma vez que ocorre uma planificação e uma massificação das culturas vigentes nos países, ou seja, começa a surgir um aculturamento local sendo substituído por uma cultura global.

Verifica-se que, segundo Beck, a antiga sociedade industrial está sucumbindo e será substituída pela “sociedade do risco”. A gestão do risco é a característica principal da ordem global.

Para Pereira,

[…]. Pode-se afirmar que risco é a possibilidade de perigo. Para se visualizar com mais facilidade, pode-se dizer que um alpinista estaria se arriscando ao escalar o Everest, o maior pico do mundo; todavia esse aventureiro somente se encontraria em situação de perigo se durante a expedição alpina, ele enfrentar uma avalanche ou uma tempestade (entre outras situações perigosas). Portanto, o perigo encontra-se na eminência do dano, podendo ele ocorrer ou não, enquanto o risco é a possibilidade estatística de se incorrer em dano. (PEREIRA, 2009, p. 16).

Relevante mencionar que o risco e o perigo possuem uma interligação. Para Giddens:

Perigo e risco estão intimamente relacionados, mas não são a mesma coisa. A diferença não reside em se um indivíduo pesa ou não conscientemente as alternativas ao contemplar ou assumir uma linha de ação específica. O que o risco pressupõe é precisamente o perigo (não necessariamente a consciência do perigo). Uma pessoa que arrisca algo corteja o perigo, onde o perigo é compreendido como uma ameaça aos resultados desejados. Qualquer um que assume um “risco calculado” está consciente da ameaça ou ameaças que uma linha de ação específica pode pôr em jogo. Mas é certamente possível assumir ações ou estar sujeito a situações que são inerentemente arriscadas sem que os indivíduos envolvidos estejam conscientes do quanto estão se arriscando. Em outras palavras, eles estão inconscientes dos perigos que correm. (GIDDENS, 1991, p.36)

O risco acaba por gerar o perigo sendo assim percebe-se que os mesmos estão intimamente ligados.

Na visão de Beck (1995) as características fundamentais da sociedade industrial estão desaparecendo devido à emergência e substituição pela “sociedade do risco”.

Para Beck (2004, p.679) o risco, na sociedade moderna, toma proporções mesmo antes de serem vistas com o avanço da ciência e mesmo da tecnologia, são criadas novas situações de riscos diferentes das já pós-existentes. A ciência e a tecnologia trazem, obviamente, muitos benefícios. Não obstante, criam riscos difíceis de medir. Assim, ninguém sabe ao certo, por exemplo, quais poderão ser os riscos dos transgênicos.

Castel manifesta sua opinião acerca da sociedade de risco dizendo que:

Sociedade do risco é aquela compreendida em sua dimensão essencial: não é mais o progresso social, mas um princípio geral de incerteza que comanda o futuro da civilização. É fazer da insegurança o horizonte intransponível da condição do ser humano moderno. O mundo não é mais do que um vasto campo de riscos, “a Terra tornou-se um assento ejetável”. (2005, p. 60).

Entende-se que na atualidade, os riscos estão em toda a parte. Estes riscos geram na sociedade incertezas e paradoxos em virtude de não se saber o que pode eles acarretar as pessoas e mesmo para as sociedades ditas modernas.

Castel continua afirmando que:

Em uma sociedade de risco não pode ser segurada desta maneira. Esses novos riscos são amplamente imprevisíveis, não são calculáveis segundo uma lógica probabilística, e acarretam conseqüências irreversíveis, também estas incalculáveis. (2005, p. 61).

No que se refere à cultura de risco Giddens, manifesta sua opinião a respeito dela afirmando que:

Nos tornamos cada vez mais sensíveis graças às novas ameaças trazidas pelo mundo moderno e que multiplicam efetivamente, produzidas pelo próprio ser humano através do uso sem controle das ciências e das tecnologias, e de uma instrumentalização do desenvolvimento econômico que tende a fazer do mundo inteiro uma mercadoria. […] nenhuma sociedade poderia pretender erradicar todos os perigos que o futuro poderá necessariamente trazer. Ao contrário, constata-se que, quando os riscos mais impositivos parecem estrangulados, o cursor da sensibilidade aos riscos se desloca e faz aflorar novos perigos. Mas hoje este cursor está numa posição tão alta que suscita uma demanda completamente irrealista de segurança. Assim, a “cultura do risco” fabrica perigo. Grifamos (GIDDENS apud CASTEL, pp. 62- 63).

Já, na visão de Castel a “cultura do risco”,

extrapola a noção do risco, mas a esvazia de sua substância, impedindo-a de ser operatória. Evocar legitimamente o risco não consiste em colocar a incerteza e o medo no centro do futuro, mas, ao contrário, tentar fazer do risco um redutor da incerteza, a fim de encontrar o futuro desenvolvendo meios apropriados para torná-los mais seguros. Grifamos (2005, p. 63).

O autor (Castel) se refere ao modo como foram controlados os riscos sociais clássicos no quadro de uma responsabilidade coletiva. Mas, o problema reside em “novos riscos” que acabam surgindo depois e que ainda não se possui a solução.

À frente Castel aponta “o estabelecimento de instâncias políticas transnacionais bem poderosas para impor limites ao frenesi do lucro e domesticar o mercado globalizado” (CASTEL, 2005, p. 64).

Assim, as conseqüências da globalização acabam sendo nefastas em determinados momentos e possuem uma abrangência que permeiam o campo simbólico, cultural, informacional, econômico, ambiental e político.

Neste sentido, Giddens (2004) com razão afirma que estas mudanças em curso abarcam praticamente todos os aspectos do mundo social e natural. Mas, em virtude de ser um processo em aberto e paradoxal, as verdadeiras implicações são difíceis de serem previstas e controladas.

Por outro lado, Douglas (apud Guivant, p. 10) aduz que: “uma forma de lidar com os riscos seria fazer com que as populações potencialmente afetadas tivessem acesso a eles como questões políticas e não como problemas ‘purificados’, apresentados em fórmulas probabilísticas”.

Desse modo, o risco está inerente em nossa sociedade moderna. O mesmo permeia todo o contexto social, assim, verifica-se que as atitudes dos atores sociais, dos indivíduos geram riscos que podem se traduzir em perigo. Enfim, a nossa sociedade vive uma modernidade talhada num risco/perigo.

 

Considerações Finais

Como se pode notar no desenvolvimento do presente trabalho, a sociedade atual está se desenrolando sobre os pressupostos da modernidade, da globalização e do risco, de tal forma que os atores sociais, ou seja, os indivíduos são cada vez mais expostos ao risco.

Importante a visão de Giddens (2004, p. 681), acerca do mundo atual, o caracterizando como um “mundo em fuga”, um mundo marcado por novos riscos e incertezas.

Para Hammerschmidt (2002, p. 99) o século XIX foi marcado pelo paradigma da responsabilidade, visto que as incertezas e os imprevistos eram geridos pela utilização de uma conduta previdente em nível individual; entretanto, não sendo possível a responsabilização ficava esta sem solução, isto é, “nas mãos do destino ou de Deus”.

A mesma autora ao fazer menção ao Estado Social, do século XX, afirma que predominou o paradigma da solidariedade, estruturando-se em torno do eixo central da repartição social dos encargos e riscos, sociais ou profissionais e de prevenção seja, prevenção de doenças, de crimes, de acidentes ou mesmo da miséria, cujo objetivo era o de se assentar no paradigma da segurança. (HAMMERSCHMIDT, 2002, p. 99)

Mas, o que se percebeu, durante as últimas décadas, foi justamente o inverso. Ou seja, as tecnologias de produção adotadas no processo de fabricação dos bens de consumo desencadearam, no planeta, uma situação de limite, como, por exemplo, a contaminação do ar, da água, erosão do solo, diminuição da camada de ozônio, aumento das radiações, perda da diversidade biológica entre outros problemas.

Assim, a modernidade, paradoxalmente, traz benefícios e malefícios dentro da sociedade contemporânea e, os atores sociais estão sujeitos aos riscos que ela produz.

 

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Cleide Calgaro

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